quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tony Goes: Chega de namoro na TV

Por que o "BBB" insiste em ser um programa alcoviteiro?
Será a herança maldita do primeiro "Casa dos Artistas", o pioneiro do gênero no Brasil?
Naquele já distante ano de 2001, o país assistiu fascinado a um grupo de semi-celebridades ser confinado numa mansão cenográfica. E acompanhou embevecido o florescer do romance entre Supla e Bárbara Paz.
Naquela época os participantes não tinham a menor ideia da repercussão que o programa tinha "lá fora". Bárbara e Supla se aproximaram de maneira espontânea. Todo mundo acreditou no romance entre os dois, inclusive eles mesmos. Foi o suficiente para empurrá-los até a final, e a atriz sagrou-se vencedora.
Não houve nenhum outro namorico entre os demais concorrentes. Ainda não estava claro que o amor --ou a aparência dele-- transformava o "reality show" em novela e cativava o público.
Dez anos depois, a estratégia romântica rumo à vitória está mais do que consagrada - está desgastada. Qual foi o ultimo relacionamento no "Big Brother" que realmente empolgou a audiência? Grazi e Alan na quinta edição? Alemão e seu harém na sexta?
Ano passado o "BBB" pegou fogo, mas não foi por causa de nenhuma paixonite. A casa se dividiu entre homofóbicos e simpatizantes, e provocou um debate que contagiou grande parte do público.
Os fãs do programa racharam em tribos que se digladiaram pela internet. Argumentos irracionais contaminaram a discussão --mas a gritaria foi ótima para o "BBB", que recuperou relevância.
A produção até que tentou repetir e ampliar a fórmula este ano. Uma transexual, dois homossexuais assumidos, pelo menos uma bi.
Mas Ariadna foi eliminada logo de cara, e os simpáticos gays ficam mais tempo tricotando entre si do que acirrando os ânimos dos outros participantes. O que sobrou para alavancar a audiência?
O romance. Os novos candidatos, Wesley e Adriana, são praticamente clones dos demais. A única chance de se mostrarem interessantes será algum tipo de envolvimento amoroso com os colegas.
Mas o público desconfia dessas paixões súbitas. Os casais formados nos primeiros dias já foram todos desfeitos, e os "viúvos" estão plenamente recuperados. Alguns se mostram livres para "amar" de novo --como Talula, que vem cedendo aos avanços de Diogo. Outros estão recalcitrantes: Maria teme por sua imagem se não resisitir a Wesley.
Acho que o "BBB" ganharia se explorasse mais o antagonismo entre os machos da casa e a liberada Diana, que se mostrou mais forte do que o esperado no paredão de ontem. Houve até um movimento chauvinista na internet para expulsar a amazona loura da casa: não deu certo, mas se sobreviver pode render um conflito interessante nas próximas semanas.
E conflito é o que anda em falta na "nave". Pelo menos não tem sido muito explorado na edição noturna da Globo. A emissora ainda acha que queremos ver beijos neste horário. Não: queremos brigas, bate-bocas, porradas. Chega de namoro na TV.
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/869528-tony-goes-chega-de-namoro-na-tv.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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