sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Renato Kramer: Paixão alheia

A paixão dos outros sempre nos parece ridícula. Mas a de Maria pelo músico Mauricio é "hors concours". Nem o "clube do Bolinha" nem as "meninas poderosas" aguentam mais ouvir a jovem atriz reclamar da rejeição do seu bem amado Mau Mau. Janaina aguenta.
Com ares de boa samaritana, a bailarina procurou Maria, logo após ela ter ganho a prova do líder, para dar-lhe um ombro amigo e uma palavra de incentivo. Uma não, várias palavras. Deslanchou a sua "metralhadora do Bem" e encheu os ouvidos da atriz de bons conselhos. Maria prometeu segui-los. Até a próxima bebedeira, talvez.
E Maria tornou-se líder. Por um triz a Miss Campos dos Goytacazes não venceu. Ficou visivelmente abalada. Tem certeza de que será novamente indicada ao próximo paredão pela própria Maria, com quem andou se desentendendo. Rodrigão não pensa assim: "Pelo que Bial falou, ela voltou do paredão "maior" bem!", compartilhou com os brothers.
Liberada a porta do quarto nobre, Maria, Paula, Talula e Diana correram para dentro, antes que o "gago" viesse e devorasse as guloseimas todas. E queriam ver as fotos. Vibraram. Tinha até a foto de Thor, o cachorro que vivera sete anos com Maria e morrera de infarto. Aproveitaram para fazer um brinde. "Às mulheres na final", afirmou Diana.
"Pensamento positivo", alertou Rodrigão a Adriana, que fechou seu belo sorriso ao perder a prova. A liderança seria a garantia de sua permanência na casa, obviamente. Mas ainda há a prova do anjo. Conforme for, alguém poderá imunizá-la. "O futuro a Deus pertence", afirmaria certamente Janaina.
Momentos antes, Maria confessou à bailarina que está apaixonada por Mau Mau. "O Brasil inteiro já sabe", respondeu a moça. A verdade é que nessas questões de "paixão" não há muito o que palpitar. Cobra-se maturidade, bom senso, dignidade quando se está fora da história. Quando somos nós os envolvidos, perdemos o rumo e o prumo, como se fossemos adolescentes que descobrem o amor, seja lá em que idade cronológica estamos. Se bebemos então, metemos os pés pelas mãos.
"Paixão não correspondida é paixão burra", diz uma máxima popular. Todos emburrecemos nesta situação. Melhor assim. Se pudéssemos controlar absolutamente tudo, a vida poderia tornar-se enfadonha. Só que "o outro" não necessariamente vai querer participar desse enredo. Como diz o grande poeta gaúcho Mário Quintana: "O pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada a ver com isso."
"Você é controladora e dominadora", afirmou Pedro Bial à dançarina Jaqueline. Ela sorriu amarelo e tentou defender-se. O "gago elétrico" apressou-se em concordar com Bial, dando ele próprio como exemplo disso. "Ela tá me domando!", afirmou o baiano. "Não deixe de ser você mesmo", sugeriu o apresentador ao coreógrafo. "Aliás, nenhum de vocês faça isso!", concluiu Bial.
Gostar ou não da maneira de ser do outro, ter ou não simpatia por fulano, torcer por beltrano ou sicrano é justamente o que faz um reality show ter algum sentido. É claro que para os candidatos vale muito o prêmio em dinheiro, que é o objetivo maior de todos eles. Para nós, meros espectadores, fica a possibilidade de observarmos pela ótica de outrem como agimos ou deixamos de agir em nossas vidas cotidianamente.
Muitos torcerão o nariz e dirão: eu vou aprender alguma coisa com "isso"? Quem sabe? Já que gosta de "dar uma espiada", porque não tirar algum proveito? Outros dirão com arrogância: "Que decadência!". Bem, eu sou adepto da filosofia defendida na música de Lobão: "Décadence avec élégance". http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/877559-renato-kramer-paixao-alheia.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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