quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Tony Goes: O fim do "bromance"

Pronto, acabou. Uma das mais sinceras e desinteressadas relações jamais surgidas na casa do "Big Brother Brasil" terminou ontem, com choro e ranger de dentes. Diogo e Mauricio não estão mais juntos.
Os dois protagonizavam um "bromance" explícito, com direito a abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim. Um desatento poderia pensar que se tratava de pegação gay. Ledo engano. Era um lance tão peculiar ao universo masculino que as meninas se sentiram totalmente excluídas. E com toda a razão.
Para quem não conhece o neologismo: "bromance" é uma palavra inventada pelos americanos para definir o amor entre dois homens héteros. Dois "brothers" que não fazem sexo entre si, mas preferem a companhia um do outro do que a de qualquer mulher. E esta nova palavra ganha uma dimensão a mais quando aplicada aos "brothers" da televisão brasileira.

A montagem exibida no começo do programa de ontem foi reveladora. Mesmo se descontarmos a tiração de sarro proposta pela trilha sonora, ficou óbvio que Mau Mau e Diogo se adoravam. Tanto que não conseguiam ficar muito tempo sem algum tipo de contato físico.
Não, não estou chamando ninguém de bicha enrustida. "Bromance" é coisa para macho acima de qualquer suspeita. Só um cara que está plenamente seguro de sua sexualidade é que se sente à vontade para depilar a perna de outro cara em público.
Quando foram juntos para o paredão, a coisa tomou proporções épicas. Pareciam Aquiles e Pátroclo. E a pobre Maria "Mariô", a peguete de Mauricio durante essas primeiras duas semanas, foi simplesmente jogada para escanteio.
Pausa para uma maldade gratuita: se Maria puser o cabelão na vertical e pintá-lo de azul, não ficaria igual à Marge Simpson? Porque a voz ela já tem.
Depois de falar "pinto" umas 20 vezes, talvez numa tentativa desesperada de elevar a classificação etária do "BBB 11", Pedro Bial anunciou que Mau Mau era o eliminado. O que se seguiu foi um tsunami emocional que não poupou nenhum dos participantes. Até o vendedor do Carrefour deve ter explodido em lágrimas.
Os mais combalidos eram justamente Diogo e Natalia, ambos corroídos pelo sentimento de culpa. Ele, visivelmente aliviado, mas arrasado por ter sido poupado no lugar do amigo. Sensação parecida à de um soldado na trincheira que vê o colega ao lado ser destroçado por uma granada. E ela, a grande vilã da noite, a megera sem coração que ousou se imiscuir entre Cosme e Damião, Castor e Pólux, Lennon e McCartney.
A choradeira foi muito mais convincente do que a da família de Luciana em "Insensato Coração", ao saber da morte da moça num desastre de avião. Um rito fúnebre que serviu para Mauricio sair altivo e garboso, num processo de autossuperação que é de praxe entre os eliminados do "BBB". Mas foi sintomático que quem lhe fechou a porta foi justamente Diogo. Seu bem, seu mal. Agora o "bromance" dos dois terminou. Ou --quem sabe-- será retomado em breve, quando os dois se reencontrarem nesse mundo cruel.
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