quarta-feira, 23 de março de 2011

Nina Lemos: As coisas estão melhorando

"Não sei se estou pirando ou se as coisas estão melhorando". Um amigo lembrou do verso da Rita Lee para comemorar ontem no Twitter a saída de Rodrigão (o último remanescente da turma dos machos alfa) do "Big Brother". Mais que a saída do sujeito, o que meu amigo celebrava (e boa parte da TL) era o fato dos finalistas do reality serem: um gay "macho", uma lésbica, uma moça com fama de "galinha" e um cara gente boa.
A empolgação parece exagero. Mas faz sentido, sim. A sensação: o público do programa parou de premiar só quem fala que dá porrada, posa de fortão e ameaça. E também deixou de rejeitar aqueles que fogem do estereótipo "branco-hétero-lindo".
O choque e a "euforia" são ainda maiores porque o programa começou com cara de que seria mais uma premiação de homens machistas. No início do reality, Rodrigão, Diogo e Mau Mau formaram um trio que passava tardes imaginando uma final só com eles. Deitados na piscina, os caras diziam: "vai ser massa, nós três na final". O delírio era tão grande que talvez eles continuem acreditando nele mesmo fora da casa, enquanto assistem o programa pela TV e mandando recado de SMS um para o outro: "é nós na final".
Mas o fato é: o publico foi tirando os ogros um por um. Suas palavras de ódio às mulheres, e sangue nos olhos não impressionaram ninguém. Muito pelo contrário.
Rodrigao, coitado, era o mais correto do grupo. Não falava que mulher era puta, como Diogo. Nem tentava mandar em todo mundo com arrogância bcomo Mau Mau. Além de lindo, o cara era na dele. E deve ser essa combinação de fatores que fez com que ele permanecesse no programa até agora.
O que se comemora, repito, não é a saída de Rodrigão. Mas o fato de que mesmo público que tirou uma transexual no primeiro paredão deixou para a final quatro pessoas transgressoras, cada uma ao seu modo. Daniel, como já foi dito, bebe, cai. E mostra que macheza não tem nada a ver com orientação sexual. Maria faz o que bem entende, sofre e não se preocupa com "fama de puta". Diana é uma garota moderna, que assume numa boa que prefere as meninas e que bateu de frente com Diogo quando ele falou mal das mulheres. E Wesley, bem, ele é um cara bonito, forte, mas fofo. Sensível. E sem machismos do tipo "essa mulher é rodada". Não pensou duas vezes em ficar com Maria depois que ela largou Mau Mau e não caiu no papo machista de que "essa mulher não vale nada".
Ok. É só um programa de TV. Mas se o público "votante" escolheu esses "freaks", talvez as coisas estejam melhorando, sim. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/892814-nina-lemos-as-coisas-estao-melhorando.shtml

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