domingo, 9 de janeiro de 2011

11 ex-participantes se encontram e contam como o jogo transformou suas vidas

Esses não são apenas 11 ex-participantes do "Big Brother Brasil". São 11 vidas transformadas por um jogo. Gente que não tem vergonha de expor as dores e as delícias de ser um ex-BBB na Canal Extra. Alguns fizeram do reencontro promovido pela Canal Extra, histórico para os fãs do programa, um momento regado a risadas, mas também a lágrimas, numa espécie de terapia em grupo. Xaiane, uma das musas da primeira edição, que foi ao ar nove anos atrás, não estava ali por vaidade. Esqueceu os sapatos na empresa onde trabalha na área de marketing, e fez as fotos de chinelos mesmo.
— Fiquei muito traumatizada, e estar aqui, falando sobre minha experiência, é uma forma de terapia para mim — revela Xaiane, ou melhor Cristiane, seu nome verdadeiro.
Quando saiu do programa como a loura que levou Bambam, o vencedor daquela edição, para baixo do edredom, ela ganhou dinheiro posando nua, viajando pelo país, mas foi difícil retomar a vida quando a poeira baixou:
— Fazia seleções para as empresas, era aprovada, mas nunca aproveitada. Fui admitida e demitida no mesmo dia quando descobriram que eu tinha participado de um reality show. Acho que por isso nunca consegui rever nenhuma imagem da minha participação.
Na hora da foto, Xaiane reencontra Vanessa, duas pioneiras nessa aventura chamada "BBB". Superação de um lado, tranquilidade do outro. A segunda colocada do "Big Brother 1" e a primeira a formar um casal de verdade no jogo (quem não se lembra de seu romance com o cabeleireiro Serginho?) só guarda boas lembranças da experiência. Mas as lágrimas aparecem ao saber que era entrevistada por alguém que falou, e muito, com Dona Nilza, sua avó, tão citada por Vanessa durante sua participação no programa, e tema de reportagens na época, que morreu há dois anos.
— Desde que saí do programa, não parei de trabalhar como atriz. Fiz novela na Globo, na Band, na Record, e teatro. Não tenho saudade daquela época, mas guardo como um período muito curioso da minha vida — garante Vanessa.
Não é exagero dizer que a reunião parecia mesmo uma sessão em grupo, uma espécie de catarse coletiva. Até um doutor estava presente. O psiquiatra Marcelo, figura marcante da oitava edição, não deu consulta particular, mas tirou fotos com os companheiros, palpitou sobre as poses das fotos e não fez questão de esconder a alegria de estar ali. Talvez porque ele já tenha aprendido, três anos depois de deixar a tal casa, alguns segredinhos:
— É preciso aprender a lidar com bom humor quando se é criticado por estranhos, já que as piores críticas vêm daqueles que não têm um terço de sua coragem em se expor. Já achei que ter participado do programa poderia atrapalhar minha profissão. O tempo mostrou que a subnutrição da maioria da população brasileira a deixa todos com uma péssima memória e, assim, no fim das contas, só lembram que você apareceu na TV e acham o máximo.
Thalita Lipi e Marcelo participaram da mesma edição e parecem compartilhar alguns ingredientes dessa receita de sobrevivência pós-BBB. Claro que Thalita é ainda a mesma que o público conheceu. Tagarela, emotiva (era impossível não reparar nos olhos marejados enquanto falava) e cheia de vida. O desejo de ser atriz (e, por que não?, seguir a carreira da mãe, Nádia Lipi) continua. Thalita ganhou um papel na novela "Caminho das Índias", em 2009, mostrou seu trabalho, e quer mais. Mas nada que a impeça de se mandar para Florianópolis e tentar reviver uma grande paixão do passado, como fez em dezembro de 2010.
— Acho que fui uma das que menos ganhou dinheiro com o programa, mas foi uma opção. Nunca tive empresário, assessor e continuo estudando. Preferi não cair nessa condição de ser só uma ex-BBB — avalia Thalita.
Thaís, do "Big Brother Brasil 2", também passou longe dessa armadilha. Cá entre nós, um feito para uma menina de 19 anos na época, capa da revista e estrela de um DVD da "Playboy" — seu ensaio num clima Lolita até hoje é lembrado — e namorada, durante quatro anos, do vencedor do programa, o caubói Rodrigo.
— Esse meio encanta, não vou dizer que não me encantei. Mas minha família e o Rodrigo, que era muito reservado, me ajudaram a manter os pés no chão — conta Thaís.
A morena, hoje com quase 28 anos, formada em educação física, trabalha como personal trainer. Ela ainda flerta com os flashes sendo namorada do empresário da Banda Eva, Francisco Sarno, mas jura querer levar uma vida normal:
— Fiquei mais assustada com a chegada da popularidade do que com a perda. A perda vem aos pouquinhos. Posso dizer que tenho orgulho da minha trajetória.
Pé no chão também pode garantir o famoso pé de meia. Carolini, vice-campeã do "Big Brother 7", sabe disso. Quatro anos depois daquela edição, hoje ela é proprietária de dois apartamentos confortáveis em Copacabana (antes ela morava num quarto e sala com a família), retomou a carreira no direito e faz estágio na secretaria de obras do estado. O fato de ter posado nua não atrapalhou seus planos de trabalhar um dia num tribunal.
Mesmo sem pretensões artísticas, Carol só não ganhou um papel na Globo porque preferiu investir seu tempo, assim que deixou o programa, em dinheiro, aproveitando a popularidade conquistada na TV.
— Fui chamada para fazer testes para "Amazônia" e "Caminho das Índias" por causa do meu biotipo. Nunca neguei que tinha entrado no programa em busca do retorno financeiro. Até tirei o registro profissional de atriz, mas sou muito pé no chão. Gosto das coisas certas — garante Carolini.
Sem ofertas tentadoras para tirar a roupa, como as mulheres, representantes do time masculino desafinam o coro das contentes. O bolso, às vezes, não fica tão cheio assim.
— Homem ganha menos do que mulher quando sai da casa. Só porque apareci na Globo não quer dizer que tenha ficado rico — diz Fernando, da oitava edição do reality.
Além de ter que se livrar da fama de namorado possessivo e ciumento, Fernando Mesquita, que namorou a loura Natália no "BBB", precisou correr atrás ao deixar o confinamento. Concluiu o curso de teatro e fez participações na Globo e na Record. Enquanto a grande chance não aparece, ele resolveu tentar um plano B e cursar arquitetura:
— Quase fui contratado para "A turma do Didi", mas perdi a vaga para o Dedé Santana. Aí ficou difícil competir. Também quase fui contratado pela Record. Fico só batendo na trave. Não tem problema, um dia a bola entra.
Iran Gomes também quer marcar seu gol na carreira artística. O "negão de tirar o chapéu", como ficou conhecido na sexta edição do "Big Brother", já tirou mais do que o acessório nas páginas da revista "G Magazine". Já que não ganhou a casa prometida pela vencedora Mara no programa, Iran se despiu para poder comprar seu imóvel. Lançando-se em breve como cantor e compositor de samba-rock, ele quer conciliar a nova carreira com as aulas como professor de educação física:
— Encontrei mais barreiras por ter participado do "Big Brother" do que por ter posado nu. Parece que você não tem uma vida pregressa. Sou compositor e trabalho com música há muito tempo.
Emanuel, que entrou na nona edição depois de ficar confinado numa casa de vidro, nasceu em Santa Catarina, mas já é quase um menino do Rio. Mora na Barra, faz bicos como DJ e quer passar a ver a cidade do alto:
— Estou estudando para ser piloto de helicóptero para ter uma profissão. O "BBB" foi uma porta para eu sair do interior para o mundo.
E quem saiu do anonimato para a fama, e não sairá tão cedo de lá, é o fenômeno Fani. Musa do "BBB 7", sua história é conhecida do público. A eterna loura de Nova Iguaçu está sempre por aí, lançando livro, grife de roupa, sendo capa da "Playboy"... Este ano ainda, ela deve ganhar sua primeira chance como apresentadora de TV. E na Globo. Alguém duvida de que Fani vai conseguir?
— Entendi o que é ser uma celebridade e tirar proveito dessa situação. Continuo famosa e ganhando dinheiro com isso. Abri uma loja para ter uma segurança psicológica, mas acho que não vou precisar mudar de ramo — acredita a loura.
Agustinho também não quer largar a vida que o "Big Brother Brasil" lhe trouxe. Desde que foi sorteado para entrar no jogo, na sexta edição, a teimosia tem sido sua aliada. O morador da Pavuna até já precisou retomar o antigo emprego — vendedor de loja de departamentos — mas se recusa a voltar à velha rotina. Hoje, aos 40 anos, está separado, é pai de um menino de 4, faz teatro, e vai se formar em jornalismo. Em 2011, quer concluir publicidade. Um estágio no programa "Balanço esportivo", na CNT, mantém Agustinho na TV, mesmo que atrás das câmeras.
— Sempre tive o sonho de trabalhar nesse meio. O "BBB" me deu essa oportunidade e não quero largar — confessa ele, que mesmo após a entrevista, foi o último a ir embora. Parecia que queria prolongar ainda mais o seu sonho.
http://extra.globo.com/tv-e-lazer/bbb/bbb-11-ex-participantes-se-encontram-contamcomo-jogo-transformou-suas-vidas-819060.html

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