quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Tenho todos os sintomas da menopausa", diz Ariadna

A fama dos participantes do reality show Big Brother Brasil é passageira. Para os primeiros eliminados, a velocidade dos 15 minutos de estrelato parece ser ainda mais rápida. Quem recorda, por exemplo, da personal trainner Samantha, do BB3? Ou da estudante Juliana, do BBB5? Na 11ª edição do programa, no entanto, parece que a sina foi quebrada. A carioca Ariadna Thalia Arantes, de 26 anos, foi a primeira a deixar o confinamento, mas sua fama – ainda que passageira – é comparada à da vencedora do reality show, Maria.
Nascida Thiago da Silva Arantes, Ariadna chamou a atenção por ser a primeira participante transexual do programa da TV Globo. A operação aconteceu em janeiro de 2009, na Tailândia, e, em agosto do mesmo ano, ela já tinha documentos com o novo nome. Por curiosidade, o “Thalia” de seu nome foi inspirado na atriz e cantora mexicana protagonista da novela “Maria do Bairro”.
A mudança de sexo, por si só, já tinha tudo para causar polêmica no BBB. Mas o alvoroço não parou por aí. Ao ter o nome divulgado como participante do reality show, pipocaram fotos dela na internet – nuas, inclusive – e informações diversas, algumas dando conta que Ariadna já tinha sido prostituta na Itália. O fato foi confirmado pela carioca no programa em conversa com companheiros de confinamento.
Aproveitando as glórias de seu momento de estrelato, a ex-BBB conversou com a reportagem do iG na praia do Grumari, na zona oeste do Rio. Em mais de uma hora, Ariadna fez um balanço do impacto do reality show na sua vida, relembrou a infância e adolescência, revelou detalhes da operação e de sua vida após a mudança de sexo. “Sinto prazer como uma mulher normal”, dispara. A carioca ainda completa: “Tenho todos os sintomas da menopausa”.
Leia a seguir a entrevista:
iG: Quais são as lembranças que você tem da sua infância?
Ariadna: Sempre fui uma criança sozinha. Era muito excluída e tímida. Não me sentia bem brincando com os meninos. Gostava mais de brincar com as meninas. Minha brincadeira favorita era de casinha. Minha mãe não deixava, mas eu falava para ela que era o papai na brincadeira. Quando ela virava as costas, eu dizia para minha minhas amigas: olha, eu sou a mamãe, tem que me respeitar (risos).
iG: Você era um menino com trejeitos femininos?
Ariadna: Sempre fui efeminada. Gostava de coisas de mulheres e quando tinha que me vestir de homem sentia uma tristeza dentro de mim. Não queria ser aquilo. Queria ser mulher, mas ninguém sabia. Não falava isso para ninguém.
iG: Na escola, os seus colegas comentavam algo?
Ariadna: Eles implicavam muito porque viam que meu jeito era diferente. Era algo que me incomodava porque ninguém quer ser apontado e xingado a troco de nada. Outros meninos eram mais agressivos e queriam me bater. Contava para minha mãe e ela ia tomar minhas dores.
iG: Você chegou a namorar ou apenas beijar alguma menina na adolescência?
Ariadna: Nunca namorei. E beijo só de estalinho em amigas.
iG: Mas já sentiu atração por alguma?
Ariadna: Era Testemunha de Jeová e uma vez me interessei por uma menina da igreja. Cheguei a dar um CD da dupla Sandy e Jr. de presente para ela, mas não passou disso. Tinha 12 anos nessa época e todo mundo falava que eu deveria ter atração por meninas, mas sempre me senti mulher. Tentava lutar contra isso por causa da fé, mas era muito forte a atração que tinha por homens.
iG: E como foi o seu primeiro beijo?
Ariadna: Foi aos 15 anos, com um menino. Foi esquisito, mas, ao mesmo tempo, gostoso. Ele era meu vizinho, loiro, de olhos verdes. Estávamos jogando videogame na casa de outro vizinho e, em um momento, ficamos sozinhos. Estava supertímida e ele tomou a atitude. Acho que por causa disso até hoje prefiro homens que têm atitude.
iG: Como eram seus namoros antes da operação?
Ariadna: Tive alguns namorados e todos me respeitavam como mulher. Quando fui para a Itália, aos 19 anos, deixei um aqui no Brasil por quem estava muito apaixonada. Eu chorava todos os dias. Ele tinha uma mulher e dizia que não ia largá-la para ficar comigo por mais que me amasse. Puro preconceito, mas com o tempo eu o esqueci.
iG: Por que você acha que os homens procuram travestis?
Ariadna: Alguns dizem que homem que procura travesti está atrás de outra coisa e isso não é a verdade. A travesti procura tanto a perfeição que às vezes chega ser melhor que uma mulher na feminilidade, na beleza e na vaidade. O homem gosta de ver uma mulher em cima do salto agulha, sempre maquiada. Muitos recorrem às travestis por causa disso, pela beleza.
iG: Você deve ter sofrido muito preconceito enquanto foi travesti. A prostituição foi uma alternativa?
Ariadna: Sem dúvida. Muitas travestis se prostituem por causa do preconceito. As pessoas me olhavam e diziam: que moça bonita! Quando perguntavam meu nome e eu respondia Thiago o preconceito era imediato. Procurava emprego, mas não me contratavam. Não tenho orgulho de ter sido prostituta, mas foi um recurso perante o preconceito. Não é orgulho para ninguém ir para cama com outro homem sem ter vontade.
iG: E depois da cirurgia, as coisas mudaram?
Ariadna: Fui procurar emprego e consegui logo. Na primeira entrevista já fui contratada. Trabalhei como atendente na sede do clube do Botafogo, no Rio.
iG: Quando você decidiu de fato fazer a operação para mudança de sexo?
Ariadna: Sempre quis fazer a cirurgia, mas tinha medo. Quando uma amiga que havia sido operada me disse que tinha tido o primeiro orgasmo, fiquei confiante. Acreditei nela. Não queria ser uma mulher frígida. Queria ser operada e sentir prazer. Por isso fiz a cirurgia na Tailândia. Lá existe essa técnica orgasmática.
iG: E valeu a pena confiar na sua amiga? Hoje você sente prazer?
Ariadna: Sinto prazer como uma mulher normal. A lubrificação não é tão intensa como a de uma mulher, mas o orgasmo sim.
iG: Você teve ajuda psicológica durante a mudança de sexo?
Ariadna: Sim, mas foi muito rápido. Um psicólogo na Itália ficou impressionado comigo. Ele disse que eu era uma mulher, que precisava me operar logo e me deu o laudo. Depois, fiz o encontro da minha alma com meu corpo.
iG: Nesse processo, você também tomou hormônios?
Ariadna: Só fiz tratamento hormonal antes da cirurgia. Mas comigo a mudança gerada foi bem sutil. Não fez tanta diferença. Sempre tive a voz fina, por exemplo. O hormônio, na verdade, serve para controlar sensações que tenho. Depois da operação, o médico disse que passaria a ter menopausa e não acreditei. E tenho realmente todos os sintomas da menopausa. Do nada, sinto um calor intenso ou fico irritada. Até hoje, faço reposição hormonal e vou ter que fazer para o resto da vida.
iG: Qual foi a primeira coisa que você fez assim que passou o efeito da anestesia?
Ariadna: Assim que eu acordei, dei uma olhada e abri um sorrisão. Logo depois, entrei no bate-papo pelo computador e contei para um amigo que já tinha operado e estava tudo bem. Queria dar logo a notícia porque uma amiga havia morrido pouco tempo antes durante sua cirurgia no Equador.
iG: Não deu uma sensação de vazio depois da cirurgia?
Ariadna: Não. É estranho porque no começo você não consegue se entender. Ainda está se descobrindo. Não sabe como sentir prazer, mas eu me descobri rapidamente. No início, não tinha muita sensibilidade e isso foi mudando com o tempo. Não tem explicação.
iG: E a primeira relação sexual, como foi?
Ariadna: Um pouco mecânica. Sentia muito medo e ainda não fiz na data certa. Tinha que esperar três meses e fiz antes, com dois meses. Estava muito curiosa para ver como era. O homem para essa ocasião foi escolhido a dedo. Sabia que ele ia seguir o padrão, sem ser afobado.
iG: Antes da fama, você contava para os homens que havia feito a cirurgia?
Ariadna: Para alguns sim, quando sentia uma intimidade maior. Nunca tive rejeição. Depois que entrei para o BBB, muitos falaram que não sabiam, mas boa parte é mentira.
iG: O que o BBB representa para sua vida?
Ariadna: Antes do programa, minha vida estava fora de ordem, não sabia qual caminho seguir, cheia de dívidas. Havia deixado de ser garota de programa e decidido virar cabeleireira, mas não estava legal. Estava sem dinheiro até para pagar o curso. Decidi me inscrever sem saber no que ia dar, não tinha nada a perder.
iG: Você atribui a sua saída logo na primeira semana por preconceito?
Ariadna: Acho que sim. As pessoas me julgaram por ser brincalhona, por falar palavrões. Não sabia como agir lá dentro, não sabia como jogar. Acham que por causa da minha condição eu tenho que ser perfeitinha. Não é assim. Outras pessoas dentro da casa também falavam palavrões e elas não foram julgadas por isso.
iG: Você se arrependeu de não ter contado para os outros participantes que tinha mudado de sexo?
Ariadna: Não. Sou uma mulher e ponto final. Não preciso ficar relembrando o meu passado o tempo todo.
iG: Como é ser a primeira eliminada de uma edição do BBB que não foi esquecida, com sucesso semelhante ao da vencedora?
Ariadna: Isso me deixa muito feliz. Fora do programa, as pessoas puderam me conhecer melhor. Muitos se arrependem de ter me tirado na primeira semana.
iG: Como foi a experiência de posar para a Playboy?
Ariadna: Foi maravilhosa. Nunca tinha imaginado que um dia faria isso. Já tinha posado nua, mas não para a Playboy. A equipe da revista me deixou muito à vontade e, alguns minutos depois do primeiro contato, não estava mais com o roupão.
iG: Como está o assédio dos homens após o BBB?
Ariadna: Sou muito assediada. Aonde vou tem um pedindo meu telefone, querendo ficar comigo. Às vezes, alguns seguranças ficam me paquerando, piscando para mim. Que bom, né? (risos).
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