sexta-feira, 4 de março de 2011

Renato Kramer: Chantagem emocional

Como não nos comovermos com a leveza de uma criança que não fala com sua mãe há muitos dias, demonstrando a saudade no brilho dos olhinhos e embargando a voz ao despedir-se com um "Mãe eu te amo!", quando ela nem está ouvindo mais?
Pois foi a cena mais forte mostrada na retrospectiva desta noite, quando a poderosa Talula fragilizou-se completamente ao ter a oportunidade de conversar com seu filho Gabriel.
"Mãe é mãe", já simplifica o dito popular mais antigo do mundo. E criança emocionada sempre traz uma sensação de desamparo, uma vontade de proteger e o sentimento de que ainda há uma esperança de "um mundo melhor". Piegas? Perigoso.
Nada contra o menino Gabriel, ao contrário: ele parece ser o "melhor" de Talula. Mas será justo trazer à baila uma cena tão comovente numa etapa do jogo em que qualquer ponto, positivo ou negativo, conta a favor ou contra os participantes? E os que não tem filhos? Poderão sair perdendo no quesito "olha como eu sou legal"!
Seria justo fazer uma matéria entrevistando algumas senhoras da casa de repouso que Daniel administra, demonstrando o quanto ele é generoso e "boa gente"? Saber que existe é uma coisa, assistir diretamente em meio à competição é outra bem diferente.
Sendo assim, Wesley também teria direito a receber um depoimento de algum paciente que ele já salvara, como médico que é. Maria poderia receber declarações de fãs que já emocionou com seus personagens no palco como atriz. Enfim, todos deveriam ter chances iguais de mostrar seu lado A.
E mesmo assim, mexer com "mãe e filho" --especialmente se o filho ainda for uma criança, é páreo duro. Não há quem consiga permanecer completamente neutro a uma cena dessas. Para o pequeno e simpático Gabriel, que roubou a cena desde a apresentação da modelo na chegada ao "BBB", sua mãe é a "melhor pessoa do mundo". E não podia ser diferente. Já quem não tem esse laço tão especial com a moça, tem uma visão bem diferenciada de sua postura e das suas atitudes dentro da casa.
"Rede de Intrigas", foi um filme de sucesso. Talvez Talula o tenha assistido muitas vezes. Ela tem segredos com todas as alas da casa. O que acaba de comentar com uma turma, logo está desdizendo em voz baixa para o outro grupo, de quem estava falando até então. Mas muito discretamente. Sem alarde. Sorrateira.
Ela não foi lá para arrumar amigos. Está num jogo e tem sua estratégia, argumentarão muitos. "Tenho muita chance de estar na final. E vou estar!", já afirmou categoricamente. E quem não está do lado dela ela vai atropelando, sutilmente, mas atropelando. Diogo e Janaína só tiveram a dimensão da teia que a aranha Talula estava tecendo quando foram eliminados.
Mas quem mais a ameaçou desde a sua chegada foi Adriana, a Miss Campos dos Goytacazes. Uma década mais jovem, toda cheia de graça, esbanjando charme, para quê dar tempo para que eventualmente a moça conquistasse o público? Era urgente eliminá-la. Talula convenceu todas as suas discípulas que a moça colocaria as veteranas em risco e, "infelizmente", seria melhor indicá-la o quanto antes. Tanto foi que, logo após a saída da bela miss, Talula disse com alívio: "O clima da casa ficou mais leve depois da saída de Adriana." Hum...quem pesava o clima da casa, embora por debaixo dos panos, não era bem a miss.
Seria exagero associar a cena da mãe saudosa no telefone, chorando copiosamente ao ouvir a voz do querido filho, ao filme "Os Brutos também Amam". Não, não cheguemos a isso. Mas cuidado. Há muito lobo em pele de cordeiro.
"Quem tem medo de Najalula?", foi como a chamou o baiano Diogo ao receber informações das empreitadas da modelo dentro do BBB11. Parece que a Maria de Fátima, de "Vale Tudo", fez escola! http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/884289-renato-kramer-chantagem-emocional.shtml?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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